14 de dezembro de 2009

ruídos



desliga o telefone.
atônito. no estômago, um soco com luvas de pelica – o que é delicado ao tato não reduz o impacto, a dor.
péssima hora para, mas encontra uma lista de textos antigos. e há este um. à espera de um final menos fugaz. e eis.
abre. lê, relê. há tempos adivinhamos futuros sem saber – nem trilhos. nem saídas. nem metrôs – nunca mais a verá.

desligo o telefone.
como poderia adivinhar? tantos tempos depois vem um querendo saber. disse como teria dito ao oficial de justiça, ao fiscal, à secretária de dentista: é com pesar, etcétera e tal.
esta mulher. depois de morta, ocupa espaços. revela-se. desvendo sua rede e braços. o que é isto que resta de nós quando já nada?
levo esta história em mim. sem ela, permaneço. pareço cego e sozinho. (in) acabado.



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2 comentários:

Alvaro Vianna disse...

E se forma uma rede de histórias com interligações tantas e tais que os sentimentos e emoções se diluem e deixam de ter donos. Teia. Saudade das paralelas que só se encontram no infinito.

Fernando Amaral disse...

E se o sinal desse ocupado?