24 de fevereiro de 2010

afiador de facas


cresci querendo ser afiador de facas. a melodia cortava-me o coração.
quando comprei a bicicleta, junto veio o apito.
mudei as notas para um pouco de alegria. ninguém acorreu. nada de clientes.
fiquei com o apito.
desfio melodias aos quatro cantos da cidade.
a caridade alheia é uma lâmina afiada no peito da gente.


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2 comentários:

por aí disse...

para minha surpresa e muito depois da última bicicleta, ainda guardava na gaveta o pito de apitar. que incomodava os vizinhos e que acudiam aos meus concertos noturnos. pode ser por isso que uso pouco o pito. por ele exigir de mim sempre um som alto e forte. e constante. como quem chama algo além das nuvens, além dos morros, além dos mouros. pode ser. ou pode ser que eu procure em breve uma nova bicicleta que me leve diretamente além desses mesmos morros.

Inês Correa disse...

ainda ouço por aqui, muito eventualmente, o apito do afiador. Onde andam eles. Eles não tem dias certos. Quando passam, passam. Beijo.