31 de janeiro de 2011

cães

chegou e viu os cães. estendeu as mãos para que as cheirassem. eles cheiraram e lamberam. ofereceram o atrás da orelha para que ela os afagasse. ela afundou os dedos nos pelos dos dois cães. abanaram os rabos, entregaram-se dóceis.
ela brincou, então, com eles.
corriam, rolavam, ela jogava uma bola para que eles a pegassem. era bom estar com os cães.
dentro da casa, muita gente. nem todos ela conhecia.
com o cair da tarde, os cães, talvez cansados, ela pensou, começaram a empurrá-la, para que caísse. e ela caía mesmo sem querer. eram fortes os cães. e avançavam sobre ela. quase a lançavam para o alto. rosnavam. começaram a arreganhar os dentes. tudo ao mesmo tempo, o escuro avançando, ela teve medo.
foi se chegando perto da porta. os cães mordiam. ela abriu a porta e entrou e fechou.
ofegante, chorando, dizia os cães...
dentro da casa as pessoas riam, comentavam sobre sua paciência com cães.
ela ouvia pela fresta da porta os cães à sua procura, sentindo seu cheiro.
agressivos, raivosos, violentos.
eles arranhavam a porta e ela dizia os cães...
ninguém ouvia.
num segundo os cães se lançaram sobre a porta, com estrondo.
silêncio. e, no silêncio, ela pode dizer: os cães são lobos.

3 comentários:

Heitor Ferraz Mello disse...

Aqui não tem aquele dispositivo simples do "curti"? Abs

Priscila Moreno disse...

Ah, eu também fico com vontade de curtir. Mas é bom que não tenha, por que senão fica automático, e quando é automático vai ficando sem sentido ao longo do tempo, e tem coisa que não é pra ser simplesmente curtida, e depois tb a gente só clica, não fala mais nada: eu te curto!

Anônimo disse...

Pô, Veronica
Adorei este escrito, ficou excelente!
Beijos
Marcos