8 de abril de 2011

vento

algumas pessoas nascem esculturas prontas e resta ao tempo devastá-las. outras vêm ao mundo massa informe, e ao tempo cabe forjá-las, esculpi-las.
eola gostava de andar nas tardes claras de ventania quando o movimento do ar traça sulcos em gestos e rosto, como se erodisse planícies. o pensamento segue pedaços de painas no asfalto, ângulos exatos entre janela e céu, sombras na calçada, placas de trânsito invertidas, construções novas em terrenos antes vazios.
o seu tesouro o fundo de um vale nascente na gruta dos olhos nas mãos de veias salientes e dedos grossos.

Um comentário:

Daniel Brazil disse...

Lindo, extraordinário início!