14 de setembro de 2011

os faróis daqui não sinalizam ilhas nem silêncios

tenho a vista curta. e eu disse isso a ela. o céu desabava na cidade, não enxergo um palmo, veja. depois disso, havia guarda-chuvas de toda cor. a cidade profusão.
não entendo a língua também eu disse. meus ouvidos moucos e a cidade enlouquecida em sílabas tremas consoantes de anúncios incompreensíveis.
se a banda passasse eu nem saberia. que banda? ela perguntou.
sinto muito ou nem sinto nada não disse porque disso não saberia dizer a ela: a ponte entre o dentro e o fora perdi no último dos poemas que escrevi sentada à espera no metrô.
e porque ela não perguntou, não pude dizer do gosto que a cidade me deixa na boca – sabendo a açúcar e metal – as coisas que a ferrugem devora.
também não disse que há redomas. e então sou capaz de me mexer e estender a mão. verto sobre o mundo aquilo que não sou.
poderia ter dito sonhos sem nexo. o medo que tenho do mar no escuro.
não poderia, a cidade revirada em terremotos.
este momento.
selei.
e não há correios.

Um comentário:

Ana de Longe disse...

Como difícil o caos, o barulho
a comunicação.
segui tua sugestão e ficou tudo muito humano. até deus.

bjs
ana