28 de novembro de 2013

e pauso

transito e retransito a cidade em largas avenidas
dia noite dia
mais e mais as árvores me fazem pensar grandes pulmões:
vejo a folha
mas é o invisível que respira
e faz o pequeno milagre da vida

23 de novembro de 2013

dois tempos

por fim silencia o motor de um barco no peito por onde o vento escapa
a respiração retoma o humano ritmo sonolento, filhote nascituro
revolteio
um pequeno guerreiro os músculos do corpo repousam
a energia do universo se condensa neste ponto de luz
intenso
me dá tua mão e vamos
lado a lado como for 
lado a lado nisto que quase muro
lado a lado nesta, esta corda estendida, bamba

6 de novembro de 2013

além do horizonte



escalo a cerca: sete metros
escalo outra: outros metros
subo e desço
mais uma cerca e caio
perco pés e quase
braços
noção
movimento
quase perco aquilo que penso
não ter e quero ganhar
a vida:
por ela me escondo
bicho na gruta no dia
para ganhá-la
não há quem venha me alimentar
bicho
quem venha me salvar
bicho
deste escuro
deste medo
desta fome
deste abismo
que não quero estas cercas
que me separam do paraíso
eu e minha multidão
meu abandono
eu o invisível que somos sem lugar
que por tudo isso
arrisco me escondo
enfrento
para viver escalo: sete metros
a multidão segue: outros metros
subo e desço
mais uma e caio
perco os pés e grito
que neste silêncio sigam
e por um momento - um curto momento -
já sei morrer