14 de fevereiro de 2014

formigueiro

sob o sol, os bichos mortos
cheiro de corpos em putrefação

sob as lápides
contaminações de lençóis freáticos
a líquida lição
de quem algemado se suicida
um tiro na cabeça o homem do camburão

há quem incinere os ossos
e a fumaça manterá na memória
o tempo agudo de um semáforo que mal dá tempo ao tempo

a paciência do mundo é amarrar um menino negro
a paciência é o poste
e açoitá-lo – o menino
a paciência nenhuma
a revolver o estômago
a reviver  o pesadelo
mítico
de meninos medos maldições e misérias

essa bruta recusa de qualquer plural

13 de fevereiro de 2014

trinta quintilhões de anos

dizem que os cristais têm memória melhor que a dos elefantes. por mais que se afaste o cálice, nem por isso ele esquece. e não esquecer o sangue nos salva. de que precipícios, de que abismos?