8 de fevereiro de 2015

falsa musa

às vezes isso que chamam musa se senta do outro lado da mesa, nos olha e em nada nos inspira. nesses dias, vejo a maquiagem desfeita, sei a farsa, tenho ideias e nenhuma se sustenta. o ar entra. o ar sai. também o ar que se respira às vezes, veja só, é falso. nestas vezes, me levanto discretamente, abro a porta da cozinha e olho o céu. chamo os meninos pra comer pão de queijo, e quando ela, falsa musa, estende a mão, digo: não, você não. e volto a olhar o céu sem nuvens. uma infusão de cardamomo e gengibre faz o ar de inverno ficar mais leve. por aqui ainda não inventaram o requeijão e as cozinhas não têm porta pro quintal.