19 de março de 2015

língua água

quando traduzo de uma outra língua para a minha língua-mãe, é como se essa outra língua fosse uma água que pego em balde, pote, copo. e, ao lançar esta água-língua sobre as palavras, elas se revelam e quase as posso ver, ler na minha língua-mãe. mas se, em vez de traduzir, quero construir e escrever e falar nesta outra língua-água, não me bastam o copo o pote o balde. nestas horas preciso me largar da margem língua-mãe para mergulhar no rio que é esta outra língua-água. é mais bonito nadar em rio que chafurdar em balde. num balde não se perde o pé. num rio as braçadas podem ser lentas, sempre posso ver o céu.

Um comentário:

Maria Eu disse...

Nadar numa língua é um exercício que pode ser extremamente interessante e, às vezes, até lúdico. Porém, quando limitados, leva a morte por afogamento.