9 de setembro de 2015

nos sentidos



abra os sentidos. todos. experimente. os olhos, para que venha, vá. ofereça-se: palavra primeira sobre as águas, até que existam ambos, por fim. os sons. e dentre todos, o silêncio. o áspero das unhas que crescem. o silêncio da areia no vento.  um pente nos cabelos longos. escute. e faça-se ouvir. o zumbido dos insetos habita um labirinto. e também seu voo no tato. que é limite ou ponte. ponha-se pinguela sobre um rio pedras, atravesse-o como se criasse o mundo. não olhe para o medo abismo e pés. pense céu. pense estes poros todos pequenos vãos que buscam o lado outro onde também se pisa a primeira pegada na madrugada espuma e mar de areia. porque veja, como as sílabas, cada um não se sabe onde se começa: amorte: onde se termina.