13 de junho de 2016

rever



quando posso evito os répteis mas fico horas contemplando os gorilas. vendo-me. ela acaricia seu bebê. ela o aninha. depois olha as unhas. compara a mão minúscula com a sua mão imensa. ela não me vê através do vidro? a orelha mínima do gorilinha. seu abraço. ela o leva para longe. para onde nossos olhos não possam nunca ver.

7 de junho de 2016

o que não é inferno

"en los universos multiples, siempre que existe más de un resultado posible a nível cuantico, existe un universo diferente en el que se pueda acomodar."
(brian clegg)

6 de junho de 2016

bering



no que se chamava guerra fria, os extremos do mapa do mundo eram os dois lados da disputa. no extremo esquerdo os estados unidos e no extremo direito a união soviética. entre eles uma ampla folha plana. uma vez, exploramos o mundo um mapa sobre um globo. e os dois inimigos eram vizinhos. entre eles um estreito. à sua volta os que não cabiam na sua guerra tão limitada. dia desses, um menino perguntou: e esse estreito é estreito? oitenta e cinco quilômetros. no meio, duas ilhas. nunarbuk e ignaluk. uma delas, vinte e nove quilômetros quadrados e ninguém. a outra, sete quilômetros quadrados e umas 140 pessoas. no inverno, quando o mar congela, é possível atravessar a pé a pequena distância que as separa. ao atravessar, muda-se de país, de continente, de hoje para amanhã e ao revés. os inuits das ilhas diomedes esculpem o tempo em marfim. enquanto a gente caminha em círculos.

2 de junho de 2016



perder os óculos não é
perder os olhos não é
perder a visão não é
perder o sentido
da luz
ou a origem da palavra perder
o destino da palavra.
seus silêncios.