1 de junho de 2010

conversa com marcos e sua plantação

escrever é reler e reorganizar. o primeiro momento, aquele que nasce da intensidade do sentimento ou da ausência de sentido, é sempre e tão somente o primeiro momento, primeiro movimento. o escrever e tornar universal o conjunto do que somos ao nos escrevermos é o de lapidar a pedra, podar a planta, depurar o caldo. mesmo que nada seja feito, estão ali a beleza da pedra, a presença da planta e o sabor do caldo. mas um pouco aquém das intensidades que lhes seriam possíveis numa nova olhada, numa nova seqüência. para mim, escrever e não reorganizar é como fazer compras no mercado e deixar tudo ensacado no chão da cozinha. tudo está ali, mas nada está porque quando preciso não sei onde o sal, nem sei do café.

(abóboras pelo chão)


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3 comentários:

  1. Mais um motivo para eu jamais vir a ser um escritor. Não sei reorganizar textos. bj

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  2. Oi, Veronika

    Veja aí o que me acabou saindo do forno:

    Escrever não nos faz (necessariamente) escritores

    Meus escritos surgem como uma necessidade
    Por vezes produtos de partos bem conduzidos
    Outras como de incoercíveis vômitos

    E como com os répteis
    Pouco depois de expelidos
    São largados no mundo por sua conta e risco

    Mas se acaso com algum deles por aí encontro
    Como pai zeloso
    Mando colocar a camisa para dentro da calça
    E lhe verifico unhas e as orelhas

    Não costumo procurar por eles
    Acho mais fácil deixá-los como estão
    Nestas horas sou um pai displicente
    Não lhes dou mesmo educação

    (É grande a preguiça)

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  3. Gostei...
    clareia minhas idéias...
    O que marcos escreveu tb...completa...
    bj

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