nada zen
a partir
daquele momento, perscruto o mar como um radar busca o 
navio
inimigo, e uma tensão discreta substitui a calma anterior da contemplação. 
espero:
quero adivinhar seu caminho em profundezas de pedra, quero conhecer 
seu
fôlego para que o trajeto dos meus olhos cruze o seu trajeto e eu veja 
despontar
cabeça ou nadadeiras no instante mesmo em que meu dedo apertar um gatilho. ainda que o disparo não a mate, eu e ela morremos um pouco – a tartaruga – 
quando reduzo sua existência, antes ampla e leve contemplação, a uma inscrição fotográfica: tartaruga recortada
do horizonte, amputada pelo meu olhar, meu cálculo, minha visão restrita
 de
mundo.
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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