sei que num de seus poemas yehuda diz: nao se esqueça, deserto e fala
vêm da mesma raiz. em que livro? não sei. vou à biblioteca procurar
entre os livros que li. enquanto procuro sem encontrar ouço o grito de
um cego, seu olho de vidro virado para o céu. meu olhar interroga o
homem que trabalha na biblioteca. em silêncio ele me faz saber que é
pelo perfume que o cego busca livros de poesia. pelo perfume da paisagem
do poema. ou o perfume de quem o leu pela última vez. é o cheiro dos
desertos ou dos oásis que moverá a voz, que desfraldará as paisagens das
páginas. é assim que o cego lê. que a biblioteca da sua escuridão quase
fica infinita.
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