29 de setembro de 2010

monogramatica

dia desses, mandou descer o quadro do sótão, que desembrulhassem e tirassem o pó.
ficou na sala a observar.
o marido chegou, viu o quadro, perguntou que quadro é esse?
ela disse um homem que me amava muito me deu o quadro. logo depois um acidente, não sei ao certo.
o marido desentendeu mas é um quadro todo verde? só verde?
não é todo do mesmo verde, repare, há vários tons, ela disse. depois, disse também é porque eu tinha olhos verdes.
o marido estranhou você tinha os olhos verdes?
é, os cabelos também. e também a pele. eu demorei muito para amadurecer.
escorreram nas faces duas lágrimas de reflexos verdes.
quando teria sido a hora de trazer as crianças e a copeira teria servido o jantar, já tudo estava seco novamente: olhos rostos mãos.
há também os que amadurecem e custam a verdejar.

Um comentário:

Inês Correa disse...

entre cores e imagens de maturidade adolescente. delícia total. beijo verde pra voce. sempre. por pura opção de não querer outra cor pra vida.