17 de julho de 2017

o que tangencia o divino


meu pai separou três livros que eu tinha deixado emprestados com ele. e outros dois, que queria me dar. um deles, de poesia. george popescu. leio: “a poesia não deve mudar o mundo nem sequer melhorar a condição humana, tampouco ser uma alternativa, mas simplesmente uma medicina naturans, uma saída do círculo impossível do destino. a poesia destrói a ilusória escala de valores ditados pela moda, inverte o avesso mediante o retorno da tradição, recusa o perigoso jogo de dados e assume apenas um único risco: um halo por meio do qual a luz da Palavra é filtrada, quando esta se encarna dentro de um verso que tangencia o divino”. dizem que escrevia muito bem. o meu pai.