27 de abril de 2023

de livros e rosas



das alegrias que não cabem em fotos:



algumas coisas passam na vida da gente feito um vendaval.

este 23 de abril, dia de são jorge, festa do livro e da rosa na catalunha, foi assim, um vendaval.

uns poucos dias antes, soube que o livro que joan navarro e eu escrevemos entre setembro de 2019 e janeiro de 2022, o liquens, estaria pronto e presente na parada de livros da edicions del buc numa das maiores - se não a maior - festas da cidade de barcelona. e eu, não seria aquela que passa na multidão vendo todos os livros do mundo mundial, todas as editoras, todos os autores, e seria aquela que espera amigos e leitores, para que venham conhecer um livro novo, para que venham conhecer a editora que o acolhe e publica. daí o vendaval.

ao contrário do que costumam ser as apresentações de livro aqui ou os lançamentos de livro no brasil, no dia de são jorge mal dá pra falar do livro, do processo, do conteúdo. mal dá pra falar. proque há uma multidão que passa, pessoas que se amontoam, falam alto, querem ver e saber. querem uma dedicatória mas querem seguir adiante, pra ver o tanto de coisa que há pra ver. muita gente se perde - como eu me perdi um pouco - e depois se encontra.

e foi tão bom, foi tanta gente que passou pra dar um abraço, pra festejar esse momento único, que provavelmente nunca mais se repetirá na minha vida, porque não é fácil coincidir de ter um livro novo justo em abril e estar em barcelona para apresenta-lo. o carinho de quem veio vai ficar registrado na história da minha vida, entre momentos especialmente bonitos. agradeço demais.

me lembro bem do primeiro dia de são jorge que passei em barcelona e os muitos anos que levei até entender a dimensão desta festa no imaginário popular e no comércio de livros. as pessoas compram livros e se dão livros de presente. as pessoas se reúnem e saem a passear pela cidade cheia de livros, de editores, de autores. há uma feira na parte central, mas há outras, muitas, descentralizadas pelos diversos bairros de barcelona. e é festa. este ano caiu no domingo, mas quando cai durante a semana, não é feriado e, mesmo assim, a cidade se movimenta em torno do livro. as pessoas se encontram. as pessoas se alegram. e parece que ninguém pode viver sem ler. e é tanta alegria de primavera, que as pessoas, além de festejar o livro, celebram o amor, com rosas. (não vou discutir aqui a sustentabilidade do modo de produção de livos e de rosas, fica pra um outro dia.) pra se ter uma ideia, segundo dados oficiais, foram vendidos 26 milhões de euros em livros e seis milhões de rosas nesse dia. e o liquens ali, não fazendo feio...




(pra quem me perguntou mais sobre o liquens, comento rapidamente: é uma correspondência poética com joan navarro, poeta de valência e querido amigo. nos conhecemos há muitos anos e, depois de traduzirmos muitas coisas um do outro e de outros, ele me propôs de escrevermos um livro juntos: ele escreveria um poema, eu responderia com outro poema, ele escreveria, etc. no fim das contas, começamos com um primeiro poema meu, que ele respondeu em seguida e então eu respondi, e seguimos ao longo de dois anos e meio, atravessando inclusive a pandemia. cada um com sua maneira de escrever, compartilhando palavras ou imagens. em catalão o liquens foi editado pela edições del buc e em português está sendo editado pela patuá. deve estar pronto em meados de 2023, se tudo correr como previsto.)