26 de fevereiro de 2010
ocultar-me
XXIX
qué distancia en metros redondos
hay entre el sol y las naranjas?
quién despierta al sol cuando duerme
sobre su cama abrasadora?
canta la tierra como un grillo
entre la musica celeste?
verdad que es ancha la tristeza,
delgada la melancolia?
(libro de las preguntas - pablo neruda)
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25 de fevereiro de 2010
tá boa, santa?
algumas pessoas se ofendem se a gente quer realmente saber se elas estão bem.
a semente da alface não brota no calor.
a alface brotada não gosta de chuva.
tenho um amigo que não gosta de alface. é raro.
fazer compras para compor um cardápio é como procurar palavras para um poema.
ninguém compra palavras. ainda.
a lerdeza de andar a pé se compensa na paisagem dos estacionamentos.
alguns dias viver não é bom nem ruim.
hoje não é alguns dias.
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24 de fevereiro de 2010
afiador de facas
cresci querendo ser afiador de facas. a melodia cortava-me o coração.
quando comprei a bicicleta, junto veio o apito.
mudei as notas para um pouco de alegria. ninguém acorreu. nada de clientes.
fiquei com o apito.
desfio melodias aos quatro cantos da cidade.
a caridade alheia é uma lâmina afiada no peito da gente.
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23 de fevereiro de 2010
22 de fevereiro de 2010
11 de fevereiro de 2010
10 de fevereiro de 2010
o que a terra ainda há de comer
quando ela veio e tirou o pó da penteadeira espalhou-me - sem o saber - pelos azulejos da casa pelas venezianas cerradas e os vasos de cristal.
e quando me varreu dos quatro cantos de sua vida não soube que - de mim - sobraria um pouco pelas frestas do taco - do meu cheiro - no vidro de colônia - do meu gosto - na água do filtro no pão amanhecido.
e, mesmo que coarasse dez mil vezes em dez mil sóis os brancos lençóis, eu ainda ventaria nos varais.
nas camisetas ficaram as marcas das minhas mãos os traços do meu destino e dos seus seios.
ficou um tanto de mim - bem pouco - também no abraço da toalha no calor do cobertor.
e quando ela desfiou as rendas eu permaneci suspenso por um fio as blusas de frio eu, ali, macio, agora já sem medo de me perder.
quando ela lançou fora os vinhos os licores os conhaques ficou de mim na opacidade da garrafa no desejo do álcool e em sua doce embriaguez.
e quando seu corpo se desfez ficou - em sua poeira - o meu gesto de refazer eternamente o seu contorno o cansaço do meu sono em seu ombro.
ficou - de mim - o olhar angustiado.
e a saudade.
quando tudo se desfez ficou de nós, em nós, a nossa luz acesa na varanda.
(1990)
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9 de fevereiro de 2010
ainda os papéis
esfinge-te
e eu te devoro
nada me atinge
chuva granito meteoro
só quando teu olho finge
eu choro
(1989)
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e eu te devoro
nada me atinge
chuva granito meteoro
só quando teu olho finge
eu choro
(1989)
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5 de fevereiro de 2010
4 de fevereiro de 2010
3 de fevereiro de 2010
ainda os papéis
2 de fevereiro de 2010
saudade ácida
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