ontem, depois de ver um filme em que pessoas dessabem-se humanos ou ratos e uma lágrima ainda escorria por dentro do peito, o gato chegou corredor adentro miando e guinchando. o guinchado vinha de um rato, preso na boca do gato.
os gatos, antes de matar os ratos, atormentam-nos.
no meu quarto, o gato e o rato. soltos.
fechei a porta.
meu marido armado de coragens, uma vassoura e um saco entrou no quarto.
esperei. do lado de fora.
ouvi barulhos e um suspiro: o rato enfim no saco.
meu marido mil anos mais velho do que havia entrado.
logo a vida engrenou.
de noite, sonhei com outro rato a nos subir. talvez ele também tenha sonhado.
achei indelicado perguntar.
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