21 de julho de 2010
20 de julho de 2010
há os que já mataram um rato
ontem, depois de ver um filme em que pessoas dessabem-se humanos ou ratos e uma lágrima ainda escorria por dentro do peito, o gato chegou corredor adentro miando e guinchando. o guinchado vinha de um rato, preso na boca do gato.
os gatos, antes de matar os ratos, atormentam-nos.
no meu quarto, o gato e o rato. soltos.
fechei a porta.
meu marido armado de coragens, uma vassoura e um saco entrou no quarto.
esperei. do lado de fora.
ouvi barulhos e um suspiro: o rato enfim no saco.
meu marido mil anos mais velho do que havia entrado.
logo a vida engrenou.
de noite, sonhei com outro rato a nos subir. talvez ele também tenha sonhado.
achei indelicado perguntar.
.
os gatos, antes de matar os ratos, atormentam-nos.
no meu quarto, o gato e o rato. soltos.
fechei a porta.
meu marido armado de coragens, uma vassoura e um saco entrou no quarto.
esperei. do lado de fora.
ouvi barulhos e um suspiro: o rato enfim no saco.
meu marido mil anos mais velho do que havia entrado.
logo a vida engrenou.
de noite, sonhei com outro rato a nos subir. talvez ele também tenha sonhado.
achei indelicado perguntar.
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19 de julho de 2010
ouço o que ela tem a dizer
se fico muito tempo longe, quando ouço sua voz, ela se esparrama por baixo da pele atravessa músculos alcança meus ossos e ali reverbera. é como se fosse a voz primeira por sobre o silêncio das águas, anunciando a luz. então eu sou silêncio e sou água e sou luz. iluminada pelo seu querer. a construir um universo paralelo quase intangível um universo onírico recoberto pelo véu do desejo. e se novamente ouço a sua voz uma engrenagem me movimenta como se fosse possível reduzir distâncias - tantas e tão multiformes. e no mais antigo de mim, a cada dia, a cada noite, ali vive a sua voz a me chamar.
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16 de julho de 2010
era o tempo
é o primeiro dos dias. ontem fui ao rio e vi suas amplas margens abandonadas a um outro estado. ninguém. geladeiras grandes e brancas tão abandonadas quanto, entre as duas pontes.
no salão escuro fiquei sentada de frente para a porta, atrás de mim as janelas por onde se podia ver árvores imobilizadas no abafado do dia. espero.
ela entra. sei que é ela, mas ela não me conhece. senta-se em outra mesa. olhando quem a olha. eu não olho. assim ela não imagina que eu esteja à sua espera.
estamos todos à espera. é o que marca o primeiro dos dias. e hoje é o primeiro de todos os dias, e a primeira hora da manhã deste dia. quando os outros nos encontrarem nos espelhos da parede oposta à janela, saberemos quem somos nós.
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15 de julho de 2010
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