29 de novembro de 2011
metamórfica
santa maria da silva de nome nenhum, que tua misericórdia acolha nossa miséria cotidiana, nossa pequenez, nossa infinita vontade de nunca morrer. que a minha dor seque na medida das lágrimas que insistem e a minha mão possa de novo florescer. que a terra dura de sob os teus pés não me pise e cada verso que leio dos velhos poetas malditos me estrele o céu que silencioso me protege. santa nenhuma dos perdedores dos bêbados dos mutilados da alma que eu me entregue como um cão à vida, que saiba percorrer o horror do tempo que me faz fechar olhos para logo abri-los na miragem da galáxia do vendaval do mistério do ônibus lotado na cidade que não transita nossos corpos tatuados cheios de cicatrizes. que no sol do teu tempo, que feito um ventre me pariu, eu me pare e apodreça sem sofrer muito e morra sem me perder e desapareça como pó que cubra e recubra teu santo manto também nenhum. amém.
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5 comentários:
que coisa linda, veroniks!
Até o ateu tremeu! Belíssimo!
todo poderoso, de arrepiar!
é isso não é, ao final de tudo?..pedir que a dor não nos pise e se pisar que seja devagar, porque no fundo somos frágeis ovos. Que a dor nos pise como se pisasse em ovos, que veja nossa casca fina, nossas rachaduras, nossa vida tentando quebrar a casca a partir de dentro. nunca de fora. um bj grande, uma oração terna.
ana
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