17 de dezembro de 2012
porto (de rio)
o desejo um mundo e como um mundo um círculo seu beijo me afasta de mim num longo caminho e quanto mais distante mais próximo de mim eu sigo seu corpo meu navio
12 de dezembro de 2012
10 de dezembro de 2012
ventos
é preciso
abrir o coração. se não o fizer, nós o faremos, eles dizem.
um pequeno
vão sob as costelas, aquelas, as mesmas que um dia o deus dos homens usurpou
para criar uma eva que também não sou.
e tudo isso
que afinal eles dizem veneno eles dizem proibido – pode ser – nem preenchem
vazios repare – pode ser – o seu contrário que abrem espaços do que não somos
ainda que pareçam expandir-nos.
é preciso.
eles dizem: isso, do coração. e nós o faremos.
4 de dezembro de 2012
sobretudos
num balão a
leveza está sob os pés.
pendidos num cesto de vime o vento não nos venta, leva.
quando dentro do vento sem resistência, o vento não é vento.
somos sobretudo um
mesmo movimento, o tempo sobre a face da terra.
sobre tudo o que é a terra.
3 de dezembro de 2012
30 de novembro de 2012
plástica de anjo
ou penso um
micro balão na ponta de micro instrumento que por caminhos micro micro
microscópicos percorre por dentro artérias e microtelas nos espaços que se
recusam amplidões. como num milagre tudo se abre e o abciximab inunda reduzindo
as mortes. a morte. que é sempre singular.
ou leio um músculo artificial de nanotubos de carbono estruturas cilíndricas que ocupam vértices
hexagonais revestidos de parafina que se expande rapidamente quando exposto a
uma fonte de calor e ganha de qualquer um de nós,
humanos, uma queda de braço mas mais querem que não haja a queda e protejam
do fogo ao fechar poros e quando alvos de balas que não nos atravessem
as mortes. as mortes. todas plurais.
27 de novembro de 2012
nos pinheirais
piso dias
como minas
daquelas
explosivas daquelas diamantes.
tudo brilha
dia.
perde-se
números de telefone perde-se referências.
o mar só é
mar quando o dizemos mar?
a palavra
constrói o futuro.
antes de
ser palavra, o mar não é. nem água.
antes de
ter um nome minha mão nem treme e o coração não pulsa.
quando a
palavra cala, já nada.
antes de
palavra não sou mar nem sou.
um lápis e eu saberia o que fazer com as mãos.
não tenho, nem tenho mãos nominadas mãos.
suas mãos
têm nome.
e nas
minhas abrem vãos
por onde
vento outras palavras e mãos
que se
enroscam nos meus olhos
e me fazem
perder pés.
nesta
explosão, os dias.
26 de novembro de 2012
24 de novembro de 2012
23 de novembro de 2012
22 de novembro de 2012
21 de novembro de 2012
nas asas
quando sou
palavra monolítica pedra necessito ventos que arejem porosidades minúsculas
grutas onde brotam águas onde musgos onde insetos noturnos se guardam.
quando
assim monolítica pedra me guardo necessito tempestades e mar e sal a abrir
frestas por onde a luz filtradas asas.
quando assim pedra minha palavra sua mão
na minha me amplia a delicadeza - pele olhar e horizonte.
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