a poesia assusta. o que seria ponte entre uma vida e outra vira uma cerca de arame e farpas, um fosso. o medo da frase quebrada em verso quebra o ritmo que o poeta queria construído.
a lagarta de alice diz não gosto de poesia. mas lê paris e gosta, sim, claro que gosta da poesia que está ali, aqui.
fui a uma noite de poesia. entre vitrais e escadarias, uma pequena multidão.
também tenho medo de poetas. destes que levitam e cujo poema de três linhas necessita um livro de mil páginas para então ser entendido e ecoar.
na língua que aos poucos me amanhece, eu pensava zebras. gnus. manadas.
às vezes uma gazela, um elefante se largam e se entregam ao predador para que o coletivo prossiga correndo correndo correndo, acreditando-se liberto a atravessar planícies em ruído.
o humano gregário: também um se entrega. ao pensamento da morte, do medo, do intenso da alegria. se entrega à solidão. ao amor. ao espanto. ao grito.
sem o farpado do arame, eu paro. a ler o que devora o um que se deixou desproteger.
Um comentário:
Gosto de tudo que encontro por aqui (;
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