20 de setembro de 2012

os porquês em revoada


um dia, muitos anos depois, no longo trajeto entre budapeste e barcelona, entrei em sežana. cheguei na estação não pelo trilho mas pelo caminho de quem veio a pé e quer pegar um trem. sem a mão da minha mãe, cheguei no embarque e desembarque. uma sensação me tomava vertigem. aquilo não podia ser. passos pra frente e um olhar para trás. e lá estava, era a cena exata do sonho. a mesma claridade da estação, a placa com o nome da cidade, a linha do trem. como pode isso? já existia quando eu a sonhei? os outros lugares todos, então - as matas escuras, os precipícios, as casas dos pesadelos com seus estranhos banheiros, infinitos corredores escadas e penumbras de susto - também existem? em que lugar me esperam? quando fecho os olhos, a vigília é uma estreita passagem sobre abismos.

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