5 de maio de 2015

volver a los 17



lágrimas nestes olhos ao apagar os traços do mapa
desenhado há tempos pelos chineses
desde a costa ocidental desde a costa oriental desde a costa?
ou desde o interior?
e depois apagar os passos, estes, sim, ocidentais
esquecidos no mapa numa gaveta do museu onde nunca mais me deixarão entrar

havia monstros nos teus mares?
não
garrafas perdidas nas praças?
não
rotas aquedutos pergaminhos?
não

nada disso: era um mapa com riscos simples e uns tantos outros:
tanques de guerra e uma data: 1980
tanques de guerra e uma data: 1989
tanques e guerra: s/data

talvez cachaça no embu água em cochabamba cerveja
uma rua com nome de pássaros, talvez
e um cabo – horn

a apontar gelo no papel
não, não era um papel
e os cascos todos ali marcados um a um
eram rotas

não é fácil perder um mapa assim
não o perdi : esqueci
esquecer um mapa de deserto porque aqui é beira de água e sombra
e o museu?
não me deixarão entrar
fazem bem
é, fazem bem

aqui não é um oásis, você sabe
sei. se digo deserto, digo mar, se mar, esta planície de nada
nadas desertos e mares também são caminhos se não tivermos mapas

não tenho mapa

digo china
digo península ibérica
digo nasa
casa
os corredores têm mapas?
minha casa não tem luz

os primeiros mapas
apagá-los

não sei amarrar os sapatos
não sei desamarrá-los

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