lágrimas
nestes olhos ao apagar os traços do mapa
desenhado
há tempos pelos chineses
desde a
costa ocidental desde a costa oriental desde a costa?
ou desde
o interior?
e depois
apagar os passos, estes, sim, ocidentais
esquecidos
no mapa numa gaveta do museu onde nunca mais me deixarão entrar
havia
monstros nos teus mares?
não
garrafas
perdidas nas praças?
não
rotas
aquedutos pergaminhos?
não
nada
disso: era um mapa com riscos simples e uns tantos outros:
tanques
de guerra e uma data: 1980
tanques
de guerra e uma data: 1989
tanques
e guerra: s/data
talvez
cachaça no embu água em cochabamba cerveja
uma rua
com nome de pássaros, talvez
e um
cabo – horn –
a
apontar gelo no papel
não, não
era um papel
e os
cascos todos ali marcados um a um
eram
rotas
não é
fácil perder um mapa assim
não o
perdi : esqueci
esquecer
um mapa de deserto porque aqui é beira de água e sombra
e o
museu?
não me
deixarão entrar
fazem
bem
é, fazem
bem
aqui não
é um oásis, você sabe
sei. se
digo deserto, digo mar, se mar, esta planície de nada
nadas
desertos e mares também são caminhos se não tivermos mapas
não
tenho mapa
digo
china
digo
península ibérica
digo
nasa
casa
os
corredores têm mapas?
minha
casa não tem luz
os
primeiros mapas
apagá-los
não sei
amarrar os sapatos
não sei
desamarrá-los
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