29 de fevereiro de 2016
ciência
isso que dizemos ciência, que chamamos conhecimento é só uma narrativa
possível, a mais convincente. o um que não se deixa levar, o um que não
se cansa de buscar os porquês, o um que sempre desconfia é o que desfia a
trama e pergunta: como pode o sol se fazer doçura? e das tetas como
pode sair leite? como podem o algodão e o linho cobrir-nos a cabeça,
como posso na água descobrir meus pés? e essa matéria escura, do que é
feita? é um silêncio? é uma montanha? é uma ausência? acreditávamos que o
mar estivesse repleto de monstros. só depois, bem depois, inventamos o
quanto os oceanos podem ser bonitos. apesar dos tantos (outros) monstros
que o habitam.
20 de fevereiro de 2016
energia infinita
leio: mesmo no vácuo, onde parece não existir nada, há energia. a
energia aparece e desaparece. nasce do aparentemente nada e para o
aparentemente nada retorna, num ciclo caótico. leio também que a energia
do universo é infinita. se o universo fosse uma caixa, por exemplo,
seria uma caixa com um número infinito de coisas dentro e, ao dividir a
caixa em duas caixas, seriam as duas repletas de um número infinito de
coisas. e se outra vez divididas e mais uma e outra e outra, até
resultarem minúsculas caixas desta subdivisão, ainda assim, cada uma
conteria em si um número infinito de coisas. a fórmula matemática para
representar isso, esta incompreensão, pode ser: infinito dividido por
dois é igual a infinito, infinito dividido por cem é igual a infinito,
infinito dividido por um milhão é igual a infinito. e assim
infinitamente. essa energia. esse universo.
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