Tomates de setembro
(Karina Borowicz)
O fedor de uísque da podridão paira
no jardim, e uma nuvem de moscas
da fruta sobe
quando mexo nos tomateiros que estão
morrendo.
Ainda assim, as garras de pequenas
flores amarelas
se agitam no ar quando puxo as plantas
pela raiz
e as jogo para adubo.
Parece cruel. Algo
em mim não está pronto para
deixar o verão partir tão facilmente.
Para destruir
o que cuidadosamente cultivei todos
esses meses.
Essas flores pálidas podem estar ainda a tempo de frutificar.
Minha bisavó cantava com as meninas
de sua aldeia
enquanto ripavam o linho. Canções tão antigas
e tão ligadas às estações que
parecia que era o som
que fazia mudar o clima.