5 de maio de 2023

o que me habita

submerjo nesta água, não inspiro não expiro não pauso. espero. no fundo, pedras e decantado lodo. a água, este abraço, afunda os dedos em meus cabelos, busca raízes, frestas, invade lentamente as porosidades, transborda meus olhos e, outra vez, o oco da boca vaza meus peitos fartos, fontes, fomes.
pouco a pouco eu toda inundada, pedregosos vãos. esta caverna em meu centro é muitas.

algumas serão luz. a terceira, um obtuso som no escuro úmido e ofegante onde dorme um pequeno monstro devastado, sem presas, sem garras, narinas dilatadas pelo medo.

e uma folhagem brota entre seus olhos vazios.

 

Nenhum comentário: