10 de fevereiro de 2025

betta splendens

era um peixe pequeno e azul. veio morar comigo no dia dos meus vinte e cinco, quando uma mini multidão que eu (des) conhecia encheu o salão do prédio. o peixe, o peixinho azul minúsculo, chegou na água de um vidro gordo de maionese hellmans e ficou no chão do salão junto com as flores e presentes que eu mal lembro. na hora de levar tudo aquilo pro apartamento, pro quarto onde eu dormia e já era madrugada quase azul e toda a mini multidão tinha ido embora e a solidão daquele fim de festa tomou conta de mim, tomou conta dos meus olhos, do meu cansaço, foi então que vi no pote bojudo, no pote de hellmans com água até a borda, com uma água limpa e transparente que tinha feito o papel de lupa ampliando máximo o tamanho mínimo do peixinho azul, naquela água vi uma mancha, um algo que boiava, um trapo, um fiapo, um pedaço caído do céu da manhã. naquele dia aprendi o quanto as festas celebram o que já passou, a morte boiando nos meus olhos, o reflexo azul entre as mãos.

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