27 de outubro de 2009

vendido





cada um carrega em si o sonho de poder voltar. carrega o sonho da existência de um onde se guarde velhos vestidos, baús de cartas, restos de moveis. um onde tudo permaneça.
mas lugares também esgarçam sua existência. até morrerem. não há mais sítio para voltar, nem lua sobre os eucaliptos, nem fogão a lenha para comer bem. nada de lareiras. nem morcegos, nada mais daquele lugar de pequenas ou grandes cumplicidades eu disse.
então, ela escreveu de gramados com banheira, de árvores que se transformam em lugares mágicos, de abóboras que nascem em goiabeiras, de cachorros , de crianças correndo e brincando e gritando e rindo e chorando e chamando a mãe, de vinhos e cervejas e as comidas mais gostosas, de fogueiras no final do dia, de banhos no começo da noite.
e eu estava. também eu era aquele lugar.



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2 comentários:

por aí disse...

sabe o que me vem na memória agora? alho porró. alho porró e couve de bruxelas na farofa. e seu irmão andando solto -como quem está ocupado explicando algo importante pra ele mesmo..

patricia laczynski disse...

o passado é tão forte. são tantas coisas marcantes, pro bem e pro mal, que a gente não esquece, que não quer esquecer, que a gente tenta esquecer e não consegue. mas as mais legais são aquelas que a gente guarda com carinho. e por isso é tão triste saber que não podemos voltar mais. mas o presente é tão maravilhoso também. assim, pelo menos, tentamos construí-lo. certo? fases e fases. fases da vida. o bom é que continuamos juntas!!!