17 de dezembro de 2009

colheita


o homem acenou de longe, como se velho conhecido.
então, superou barracas de verduras, discos e outros restos até chegar perto do homem, saudá-lo e reconhecê-lo. era um homem cego. não acenara para ele: esparramara acenos como se nem todos fossem cegos dos mesmos olhos.
um instante mais e já se ouvia o acordeom e as moedas na caneca. também o som, como o aceno, se esparramava porque nem todos os ouvidos são surdos nem todas as mãos são frias como a chuva fina que caía sobre mim.


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Um comentário:

Alvaro Vianna disse...

Que privilégio enxergar a poesia camuflada ao redor.