20 de dezembro de 2010

nada mais simples

me deu dezesseis avos de uma folha de caderno pautado, pediu para anotar nome e telefone.
um sorteio, explicou.
se, e será o mais surpreendente de todos.
a cada novo ciclo, uma nova surpresa.

17 de dezembro de 2010

café da tarde

sete senhoras, senhoras, entraram na sala errada do cinema. quando se sentaram e olharam para a tela, riram nervosas e constrangidas com o inusitado. no fundo, bem que gostaram e se deixaram ficar até o limite da vergonha. então, uma se levantou e outra e outra até que todas fora da sala cúmplices se consolaram. e riram e riram. juntas foram tomar café. encontraram outras quatro, que chegaram atrasadas para o cinema. onze mulheres ali e eu, a me esquecer para ouvir suas risadas.

16 de dezembro de 2010

tectec-tectectec-tec-tectectectec

na madrugada, o barulho da máquina de escrever costurava mínimos pedaços do tecido que eu gostaria de ser.
me lembro disso quando na máquina de costura junto pedaços de tecidos floridos para que neles possam caber mundos e fundos.
não sou deus. minhas linhas tortas aqui e ali sem certezas não me denunciam, me desnudam.
olhe bem um papel em branco: você, o que vê?

14 de dezembro de 2010

escrever

"É uma coisa curiosa um escritor. Uma contradição e também um absurdo. Escrever é também não falar. É se calar. É berrar sem fazer barulho. É muitas vezes o repouso de um escritor e ele tem muito a ouvir. Não fala muito porque é impossível falar com alguém de um livro que se escreveu e sobretudo de um livro que se está escrevendo. É impossível. (...) Porque um livro é o desconhecido, é a noite, é fechado, é assim."

(marguerite duras)

13 de dezembro de 2010

passagens

com o tempo, o tempo se alarga e é possível virá-lo do avesso e do direito, por um lado encontrar foco, por outro mergulhar no difuso iluminado do mundo do entorno.

6 de dezembro de 2010

dias lentos



o café se perde servido na xícara, a roupa venta, no jornal somem as letras.
apesar do lindo vestido seus olhos choram
e escorrem em bolinhas brancas sobre fundo preto.
as mãos. pra quê?
os pés. e onde?
o resto. e nada? tudo azul. eu escuto.

1 de dezembro de 2010

todas as coisas pequenas

na nova organização dos livros, caio e zé ficam amigos. camila e kavafis conversam. a senhora jaffe chega tímida, tímida como na vida real.