2 de maio de 2013

exercícios

foto: adauto araujo


Às vezes me apareces à memória
como uma cidade vista desde o mar:
com a ânsia de aportar aí
ou como o mar visto entre as ruas de uma cidade:
com a ânsia de banhar-me aí.

Às vezes a sua lembrança cresce em mim
como uma cidade que derruba as muralhas
e as novas ruas que se cruzam
dizem o teu nome
e o meu.

Às vezes me esqueço que te foste
e falo contigo como um semáforo
que muda de cores
numa rua deserta.

Às vezes tenho claro
que o único lugar onde pude viver sem o mar
foi o teu corpo.

Às vezes te esqueço
como uma cidade que de noite
não vê o seu mar negro.

E tu também vais me esquecendo
como um porto cada dia com menos navios
com menos mar a cada dia.


manuel forcano - llei d´estrangeria
tradução: veronika paulics


o original, em catalão:

De vegades m´apareixes a la memória
com una ciutat vista des del mar:
amb l´ánsia d´arribar-hi,
o com el mar vist entre els carrers d´una ciutat:
amb l´ánsia de banyar-m´hi.

De vegades el teu record creix en mi
com una ciutat que enderroca les murrales
i els nous carrers que es creuen
duen el teu nom
i el meu.

De vegades oblido que vas anar-te´n
i et parlo com un semàfor
que canvia de colors
en un carrer desert.

De vegades sóc conscient
que l´unic lloc on vaig poder viure sense el mar
va ser el teu cos.

De vegades t´oblido
com una ciutat que de nit
no veu el seu mar negre.

I tu també em vas oblidant
com un port cada dia amb menys vaixells,
amb menys mar cada dia.







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