17 de maio de 2013

o cavalo do bandido

um figurante que aparece longe, desfocado, limpando as cacas do cavalo do bandido escreve para me contar que o universo não é infinito, que a quantidade de matéria e energia mantém-se desde a tal grande explosão primeira e que nada, nada se cria a si mesmo - delicadamente ele me lembra que tudo isso já se sabe há algum tempo - e esse figurante também me diz que as galáxias que vemos podem ser reflexos, apenas, e que o universo curvo permite à luz encurvar-se e passar por nós uma e outra vez, e ainda vir a ver-nos bilhões de anos depois, quando na verdade nós já nem estaremos, e todos pensaremos veja, esta luz, nem parece a mesma, como não parecem as mesmas as partículas que desaparecem aqui e aparecem ali e outras que nem se sabem ondas ou partículas. tudo isso para que ele possa, por fim, se dizer quase satisfeito em ser existente nesta escala nada, que vai do tamanho mínimo do átomo ao tamanho indefinido do espaço. e é o quase, este, que o livra de um harakiri.

(inspirado em mensagem de álvaro vianna)

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