não disfarço
meu peito caído à força da gravidade e do tempo.
depois,
ainda penso que sutiãs de recheios bojudos são mais difíceis de queimar.
o juiz – ou
seria uma juíza? – perguntou a respeito do assassinato com claros sinais de
violência: mas o que fazia ela num bar, à noite, sem sutiã?
como?
como se
calcula a (in) capacidade humana de conviver sem medo?
como se
calcula a lotação máxima de um ônibus de linha? se lugares para sentar, it´s
ok, mas quarenta e uma pessoas em pé? esta uma? se a mais, se a menos. alguém (quem?), de verdade, calcula?
e se quem
calcula contar mais de cem?
faz o quê?
explica pro
juiz pra juíza pro juízo que a culpa é dos cem. gente demais, é?
a culpa é
dela, da moça sem sutiã num calçadão do rio de janeiro.
é?
sutiãs
bojudos não disfarçam o peito arfante. que queima.
o medo, este convívio.
Um comentário:
Que bonito.
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