24 de abril de 2014

moda íntima no subsolo



não disfarço meu peito caído à força da gravidade e do tempo.
depois, ainda penso que sutiãs de recheios bojudos são mais difíceis de queimar.
o juiz – ou seria uma juíza? – perguntou a respeito do assassinato com claros sinais de violência: mas o que fazia ela num bar, à noite, sem sutiã?

como?

como se calcula a (in) capacidade humana de conviver sem medo?
como se calcula a lotação máxima de um ônibus de linha? se lugares para sentar, it´s ok, mas quarenta e uma pessoas em pé? esta uma? se a mais, se a menos. alguém (quem?), de verdade, calcula?
e se quem calcula contar mais de cem?
faz o quê?
explica pro juiz pra juíza pro juízo que a culpa é dos cem. gente demais, é?
a culpa é dela, da moça sem sutiã num calçadão do rio de janeiro.

é?
sutiãs bojudos não disfarçam o peito arfante. que queima.
o medo, este convívio.