é a minha
pele e ela não é de metal. não é de metal.*
senhora de
ventos e tempestades, leve-me
é
possível desenrolar um novelo e descobrir
o inexistente fio?
isso é a
guerra
o mundo
desabando e a mulher faz pequenas escolhas ao longo do dia
na hora do
silêncio não sabe se limpa as orelhas do mais novo
se cuida de
suas próprias feridas
se dorme,
com fome e aflita, se dorme
esta é a
guerra
os cancros
devorando nossos dentros
e seguimos
capazes de buscar o fio?
que guerra?
são várias
as maneiras de reduzir a cabeça do inimigo
(os que
matam hoje
tiro fome
doença
serão
mortos amanhã
fome doença
tiro)
para que
caiba na palma da tua mão
isso se diz
novelo
o que
dispara o gatilho
o que sobre
ele manda
o que a
esse controla
aquele
outro que ameaça
um que quase
ninguém vê
por fim
aquele que não sabemos se de fato existe
e ao chegar
nas festas é sempre delicado
ao jantar
nas casas leva flores
ajuda a recolher
os pratos
elogia a
comida
a cada
noite reza e pede paz para os filhos
vida longa aos inimigos
porque deles
se alimenta
nesta
guerra
abrem a
porta,
a mãe chora
agradece a coroa nela os nossos nomes
saudade eterna morreu tão jovem
então é
isto a guerra?
que
bobagem, minha querida, não pode ser guerra.
para haver guerra, algum de nós haveria de ser o inimigo
desenrole-me
* Pinetree Epinetree
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