Para se viver no presente, e para que esse presente contenha alguns germes de futuro, é preciso esquecer. Não digo perder a memória, mas seleccioná-la, distanciá-la, acomodá-la à necessidade que todos temos de saborear o presente, de manter indemnes as possibilidades de novos começos. Mas quando a memória nos cai em cima como um dilúvio, quando o passado nos submerge e afoga, estamos perdidos. Sobrevivemos entre sombras, somos almas penadas, entregues ao desespero e à cólera. Vivemos no inferno, pois inferno é a ausência de quem amamos.
É disso que este livro trata. Disso e da passagem da saudade à solidão.
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