Poema dos cinquenta anos
Vejo o tempo passar, perder-se, frio,
caminhando felino como um gole de água,
ou um leopardo e evaporar-se.
O amanhecer da grande cidade
e o canto dos pássaros valorizo;
e o pão e o café na mesa posta,
a erva daninha e a formiga,
coisas, sutis talvez,
sem importância para os que
me cercam: envelheço.
Cuido dos cactos, do loureiro e da goiabeira,
respondo cartas, queimo livros antigos e amigos.
Camões e Pessoa, Gullén e Vallejo fazem maior minha ilha.
Compromisso, sem que o assumisse,
só com a morte,
o demais para o diabo.
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