(para gina dinucci)
olhou em volta e viu a mata toda queimada, os animais mortos, patas e bicos imóveis, quando viu tudo cinzas, silêncio, carvão, sentou-se e chorou.
toda floresta um dia nasceu. cresceu lenta e lentamente se formou espaço entre árvores, onde novas plantas buscam o sol, e outras preferem a sombra ao rés do chão. o tempo trouxe as epífitas, suas raízes aéreas, e também os bichos que não vemos. insetos minúsculos, aranhas, aves que aí gorjeiam, macacos, onças, preguiças, um tamanduá. tudo, tudo o que nos fez ser floresta, um dia nasceu. e se fez.
depois do incêndio, éramos muitas ali sentadas chorando a devastação.
enquanto chorávamos, raízes e sementes, insistiam, depois de resistir ao fogo. repare.
levante-se, portanto.
tire o poder das mãos de quem incendiou este país.
aguce a vista e busque as ferramentas para afastar as cinzas onde mínimos verdes despontam.
chore pra regar a vida até a próxima chuva.chore e dance.
insista em seu verde, como insistem as sementes e as raízes, até que voltem as aves, os insetos e outros animais, até que a floresta seja. seja sinfonia, cores, sombras, luz.
Um comentário:
Haja sementes. Haja quem as lance à terra e as proteja, uma e outra vez!
Um beijo
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