14 de junho de 2011

magyar

perdi a noção da língua. tenho poucos pés e muitos lugares por pisar. a terra corre, vira. a paisagem me revira. espelha-me.
um lugar é um lugar. o lugar onde sou é o onde estou. se corro, se deito, se vôo: sempre eu desde o aqui na imensidão.
perder a noção da língua é mais abismo que perder o chão. e os muitos que foram expulsos de sua língua e mantiveram sua escrita, mantiveram a capacidade de escrever na língua que era sua e os excluía?
esses, todo dia habitam ilhas de línguas distando dias e mundos da língua mãe.
nessa língua ilha sonha-se, também, cria-se, ao tempo que tudo permanece isolado um vínculo perdido. a língua nascida ponte que não se constrói: volta-se para quem a mantém viva e mergulha e lentamente murmura a inuberância de si.
a língua cortada no fio do pensamento. a língua sem meada.
eu e o continente língua que crio escuridão.

2 comentários:

Juan Yanes disse...

Es muy bello lo que dices. Me recuerda algún pasaje de "La lengua absuelta" de Elias Canetti. Él hablaba en la intimidad de su casa sefardí (español del s. XVI)porque sus antepasados judios habían sido expulsados de España, pero también hablaba búlgaro, porque nació allí e iba a la escuela de su ciudad natal. Hablaba ruso, porque el sevicio doméstico eran muchachas rusas. Pero él vivió casi toda su vida en Londres, luego hablaba inglés... Pero escribía en alemán. Todo lo escribió en alemán. Hay muchos escritores que ingresan en el infierno políglota y se alejan de su lengua materna en un ejercicio terrible de depuración... Kafka, George Steiner, Navokov, Conrad, Naipaul, Celan, Canetti, Juan Rodolfo Wilcock, Juan Gelman... A mí me resulta incomprensible porque mi lengua es mi única patria...
Un saludo

Soraya Pereira disse...

me senti nos states. um ser sem lugar, sem lastro. quase desesperador...