7 de maio de 2013

estrelando


li – onde foi que eu li? – que a vida é mais tranquila se a gente se pensa dentro de um filme sobre a gente mesmo. como somos muitos, somos muitos filmes projetados em muitas telas simultaneamente. no meu filme, sou eu o personagem principal. meus medos, alegrias, aflições, descobertas, raivas, tristezas. minha noite, minha véspera, meu dia seguinte, minha memória. a trilha musical, inclusive, minha. no filme do outro, de qualquer outro, sou só um figurante, aquele que passa de relance com a camiseta da cor exata. no filme do cara que cruzo na rua ou da mulher que compra peixe na feira ou do companheiro ou do filho ou do meu gato ou da árvore, da mãe, do pai, do planeta, do cão, da tempestade, nesses filmes sou só figurante. quando muito, com muito esforço e só por um tempo tempinho, chegarei a ser coadjuvante. com muito talento, um bom coadjuvante. 
na verdade não sei se a vida fica mais tranquila. talvez seja outra coisa: essa ideia ajuda a cavar mais pequenos silêncios no dia. e ser coadjuvante de silêncios. figurante, antes.

3 comentários:

Soraya Pereira disse...

vÊ, que bacana! interessante que agora eu tô lendo a "dança do universo", de marcelo gleiser, e o quanto a vida não é simplesmente dualismo é posta em questão. uma expansão de horizontes. bjkas
soraya

Alvaro Vianna disse...

Você é protagonista na vida de quem te ama. Mas a ideia de ser coadjuvante, num universo que vai de 10 a -10 a 10 a 22, não é ruim.

Beijos

Alvaro

Alvaro Vianna disse...
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