li – onde foi que eu li? – que a vida é mais
tranquila se a
gente se pensa dentro de um filme sobre a gente mesmo. como somos
muitos, somos
muitos filmes projetados em muitas telas simultaneamente. no meu filme,
sou eu
o personagem principal. meus medos, alegrias, aflições, descobertas,
raivas,
tristezas. minha noite, minha véspera, meu dia seguinte, minha memória. a
trilha musical, inclusive, minha. no filme do outro, de qualquer outro,
sou só
um figurante, aquele que passa de relance com a camiseta da cor exata.
no filme do cara que cruzo na rua ou da mulher que compra peixe na feira ou do companheiro ou do filho ou do meu gato ou da árvore, da
mãe, do pai, do planeta,
do cão, da tempestade, nesses filmes sou só figurante. quando muito, com
muito
esforço e só por um tempo tempinho, chegarei a ser coadjuvante. com
muito
talento, um bom coadjuvante.
na verdade não sei se a vida fica mais tranquila. talvez seja
outra coisa: essa ideia ajuda a cavar mais pequenos silêncios no dia. e ser
coadjuvante de silêncios. figurante, antes.
3 comentários:
vÊ, que bacana! interessante que agora eu tô lendo a "dança do universo", de marcelo gleiser, e o quanto a vida não é simplesmente dualismo é posta em questão. uma expansão de horizontes. bjkas
soraya
Você é protagonista na vida de quem te ama. Mas a ideia de ser coadjuvante, num universo que vai de 10 a -10 a 10 a 22, não é ruim.
Beijos
Alvaro
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