leio que a
mil e quatrocentos anos-luz da terra, na constelação vela do hemisfério sul,
uma estrela que está acabando de se formar dispara jatos de gás que alcançam
velocidades de até um milhão de quilômetros por hora e brilham ao chocar com o
gás do seu entorno, e penso que tudo isso, todas estas cores no universo distante,
foi mesmo há mil e quatrocentos anos num lugar que nem sei onde,
porque por mais que olhe o céu ou a terra e tente entender, não entendo, não
reconheço as constelações mais banais, quero dizer reconheço as três marias, o
cruzeiro do sul e outro dia ainda vi a cauda de escorpião, mas não muito mais
do que isso, no céu didaticamente escuro em um praia sem luz. meus avós também
devem ter estranhado as constelações deste hemisfério, talvez sem nunca saberem
embora pudessem intuir que as estrelas nascem e morrem e que há buracos negros
e que o universo se dobra sobre si mesmo como quando sentimos uma dor muito forte
no estômago, ou quando o sono é tanto que não conseguimos dormir, ou quando um
pesadelo nos desperta olhos em lágrimas, ou quando quando quando. como cada um
de nós se dobra universo sobre si mesmo, fazendo-se ponto, estrela, buraco
negro, fazendo-se uma absurda interrogação.
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