13 de agosto de 2013

mistério óptico



aos vinte, era insuportável e não sabia esperar a noite das bruxas.
achava a poesia inútil para a pobreza do mundo.
hoje, espero cada noite, que me espera porque também sou bruxa. e como as bruxas, não corto cabelos nem pinto unhas. e ninguém tem nada com isso.
continuo achando a poesia inútil e por isso mesmo tão capaz de reduzir a pobreza do mundo como rosas que se abrem em tardes de chuvas.
quando me dizem: veja, é só um ponto, exercito um aproximar, um olhar bem de perto aquilo, aquele um ponto. sabê-lo orifício mínimo artifício óptico por onde a luz brinca quando do outro lado é luz, por onde a luz brinca quando do outro lado é escuro. o outro lado pode ser luz, o outro lado pode não ser.
toda poesia é um ponto. todo jardim, chuva. toda noite, bruxas.
a luz inverte os caminhos. os pontos.

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