caminho ao longo do longo caminho ao lado do cemitério
de muro
azul-bebê dizia alguém
(flores de papel crepom seriam azul-morto para o mesmo alguém)
um filete
de sangue escorre pela perna avesso da coxa
atravessa a
calcinha a calça jeans
se aloja
no conga
azul agora poça
tantas
vezes fiz esse caminho de pedra portuguesa
que
desenho?
o lado
oposto onde uma fábrica abandonada
o capim
obstruindo a passagem
a paisagem
de castanheiras
a cair
folhas laranjas a cair castanhas a cair lagartas gordas e verdes
tão peludas
as lagartas
que
queimavam diziam
como diziam
do espírito do menino que assomava
quando
fosse noite
o mundo era
um desfile de medos
também diziam
também diziam
as ameaças
do desconhecido
o homem que
um dia mostrou o pau e o pau era feio e engruvinhado
o
passarinho filhote caído na beira e colocado na caixa - morreu - também feio
também engruvinhado
o medo do
homem o medo da morte o medo
do mistério
do dia em
que perdi a pulseira de bolinhas e a mãe disse reza
rezei as
tais sextas-feiras e a pulseira no pé de rosa do jardim
como uma
guirlanda no pinheiro de natal
perder a
pulseira e o milagre eram nada perto do medo do vale de lágrimas de que fosse feita a vida
(algoritmo é
um conjunto de instruções ou regras bem definidas, ordenadas e finitas que
permite realizar uma atividade mediante passos sucessivos que não gerem dúvidas
a quem as execute.)
nada se
reduzirá a nada por eu gritar mais alto