fui procurar uma fotos de 2014, mas não encontrei o que buscava. em compensação, encontrei outras muitas fotos que eu nem lembrava que tinha. e textos. começados, interrompidos, abandonados. umas coisas mal escritas que aproveitei para apagar. e, no meio de tudo, um texto que explicava como tinha começado o vem e devora. o blogue que há tempos não recebe comida. aproveitei pra publicar.
e me veio um sentimento estranho, que bate outras vezes também quando releio o que eu mesma escrevi. é como se não fosse meu. já sou tão outra. e ainda sou tão a mesma. me despertam sentimentos confusos esta sobreposição, junção, ruptura que somos sendo sempre os mesmos.
e, mais que os textos, quando aparece alguém nos lembrando de coisas que fizemos, destinos que influenciamos sem nem termos nos dado conta. fica tão claro para mim o fluxo da vida nos atravessando e a gente indo, juntos, como água de um rio. fazemos as curvas, fluímos, até que salta um peixe aqui, enrosca-se um galho ali. o dia nasce, a lua sai. e como se de um momento para o outro, o grande mar. e a gente esta gota mínima.
nestes tempos de covid, com a perspectiva de voltarmos a um confinamento, ainda que não obrigatório mas bastante recomendado, voltam as sensações de exílio, de suspensão dos dias, de desamparo. tudo junto gera uma tristeza difusa que quase se envergonha dos mínimos momentos de alegria que brotam nos lembrando que a vida é esse fluxo, que só pode ser rio se a gente puder ser água.
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