30 de julho de 2020

em círculos

uma querida amiga, a janaina, faria sessenta anos ontem. se não tivesse morrido tão nova vítima da aids. penso sempre nela, no seu modo intenso de viver, na sua alegria. quando ela fez quarenta, fizemos uma festa em casa e foi tambem uma festa de casamento, que pouca gente se deu conta. já se passaram vinte anos desde aquele dia que a marcia trouxe um bolo com dois coraçõezinhos. a vida voa. alguma coisa sempre permanece. sempre sempre sempre terei janaína no coração, nesta casa que sou.

não à toa é a ela que dedico o casa de mim, que comecei a escrever no ano que ela morreu.

***

construo lentamente um jardinzinho de babiloninha. já temos jasmim, buganvília e um limoeiro com um botão de flor. e manjericão e melissa e capim-cidreira e salsinha e tomilho e oregano e geranio-rosa e alecrim do comum e do rasteiro e o caruru do reino subindo pelas paredes e o alho poró se desfazendo desde dentro, crescendo em camadas, e uma beterraba toda folhas e um geranio sem cheiro trazido de valência. e pimentões que nem crescem nem florescem. mas a batata, esta que espalha as ramas pelo chão, veja bem, esta planta, parente do tomate, tem flor! uma flor mínima, anunciando segredos sob a terra.

***

no documentário "human", um agricultor diz: a terra nos dá seus frutos em silêncio.

Nenhum comentário: