noite destas sonhei que uma lagarta verde incrustada no meu antebraço esquerdo era meu pai me lembrando alguma coisa que assim que acordei já não sabia mais o que era.
amanheci descompassada com o dia, ainda me arrastando dentro do sonho enquanto buscava com pressa alcançar o tempo que se antecipava e rompia copos e ritmos, os ritos e as palavras gentis.
quando enfim eu disse como aquela que disse que iria ela mesma comprar as flores ainda que não fossem flores que eu quisesse, quando eu disse vou eu mesma, e saí, nas ruas vi que nos braços esquerdos de todas as pessoas havia uma lagarta verde incrustada como lembrança de alguma coisa que nossos pais tinham dito não se esqueçam, e nós nos esquecemos.
umas crianças imóveis com o olhar meio morto esperavam nas calçadas enquanto nós nos mantínhamos ocupados tentando decifrar o mistério das lagartas.
não reparamos nas crianças, nem notamos que pouco a pouco todos nos dissolvíamos numa neblina densa. no ar o cheiro das carnes que apodrecem depois da explosão.
6 de agosto de 2025
o que parece um pesadelo
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