há muitos e muitos anos, comprei uma lata de sementes de ervilha e outra de sementes de aspargos. meu pai não me deixou plantar alegando que eu não teria paciência para esperar que crescessem, e para cuidar delas até que dessem fruto (as ervilhas). talvez por isso, ao ver as flores brancas das ervilhas, e uma delas já anunciando um bago, soube que já não sou aquela. dois filhos, uns bichos, árvores e plantas que cresceram e morreram me separam daquela que comprou as sementes anunciando uma paciência que ainda não estava lá.
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o medo é como a ficção: por mais amplos que sejam os repertórios, são sempre repertórios do sabido. ninguém escreve o que não conhece, ninguém tem medo do que não sabe.
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os adjetivos, meudeus, os adjetivos!, como é difícil entender a intensidade e os caminhos dos adjetivos nas línguas que não são as línguas em que cresci.
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os dias encurtam no hemisfério norte. mas no sul, é primavera. se de um lado tudo parece morrer, do outro, tudo brota.
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