18 de fevereiro de 2021

deitado sobre nuvens

li por aí algumas anotações filosóficas do bruce lee. nem sei se são dele ou se foram inventadas como se fosse só uma tradução. poetas são capazes de qualquer coisa. sei até de um tradutor que inseriu um poema próprio numa coletânea de poetas de um país distnate, inventando um pseudônimo para si mesmo. e aparentemente ninguém se dá conta. talvez porque sejam sempre as mesmas pessoas que compram os livros de poesia e não dá tempo de ler tudo. quanto mais verificar autor por autor de uma antologia.

 

nem tudo eu tenho vontade ou tempo de pesquisar. estas ideias, por exemplo, sendo ou não do bruce lee, são boas de se ler. por exempo: não busque, deixe-se levar, e quando menos se espera, a arte se revelará. outro: não antecipe nada. avance sem perguntar como tudo acaba. deixe que o mundo siga seu caminho e só ataque quando for preciso atacar. ou: a distância mais curta entre dois pontos é a simplicidade. o amor é uma meta e nem sempre as metas estão aí para serem alcançadas, às vezes são só uma direção, uma orientação de para onde ir. e, talvez o mais famoso do bruce lee: esvazie a mente, não tenha forma nem estrutura, seja como a água. a água pode fluir ou bater.

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sobre as falsificações, as redes sociais são um espaço privilegiado. inventa-se estado de ânimo, inventa-se a própria história, capacidades, amigos. dá para inventar tudo. às vezes tenho vontade de inventar também. criar um personagem, dar-lhe cara e desejos. expor a cor da sua calcinha, sua comida de cada dia, os mil livros lidos. depois me canso só de pensar. e vou ocupando espaços mínimos no mundo virtual. aqui, escrevo, no instagram ponho uma foto por dia para não perder o hábito e poder seguir o meu artista preferido. no gmail entro cada dia, um remake do deserto dos tártaros, e quase só encontro publicidade, burocracias. pro facebook já não tenho suficientes opiniões, pra avalanche do twitter não tenho paciência e pro resto todo de aplicativos que surgem, crescem e morrem a cada dia, já não tenho nem cérebro para acompanhar.

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cansaço de pandemia, cansaço dos tempos que se sobrepõem aos espaços, falta de encontros ao vivo e a cores, saudade do brasil. eu sei. banzo é uma boa palavra.

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“mais que nunca é preciso cantar e alegrar a cidade...”

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o cão destroçou a própria cama. tentei evitar. até me render diante da insistência, da reincidência canina. agora ele dorme sobre nuvens fofas e brancas. talvez ele quisesse isso, um ninho. cão com alma de passarinho. se deixar, corre tanto que voa. 

eu voo.

 

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