não sabia nada dos campos de concentração para os asiáticos nos estados unidos durante a segunda guera. não sei de tanta coisa. por isso sempre penso que também o que sei deve ser só uma parte mínima do todo que de verdade aconteceu. especialmente se o que sei diz respeito ao que vivemos neste dia a dia tão obtuso e enevoado. saber exige um certo distanciamento do tema sabido, ou no tempo ou no espaço?
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li uma entrevista que me tirou um pouco do eixo, não por dizer coisas que eu não pensasse. pelo contrário, porque vai enunciando em voz alta muitas coisas que faço de conta que nem penso porque pensar, como disse o walter kohan que eu não conhecia e acabei de conhecer por estes dias numa aula inaugural da feusp, pensar é difícil. e pensar não é sozinho, ainda que pareça ser.
a entrevistada se chama teresa forcades. e ela disse que.
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a lua linda e imensa de maio. as pessoas que se foram em maio, as pessoas que chegaram em maio. nossa vida nova é nascida em maio. aqui há rosas, muitas rosas. e morangos. e cerejas, pequenas frutas do mato. e a urgência das plantas, seu sexo luminoso voltado para o sol e os insetos, querendo vento e sementes. é tanta cor em qualquer terreno baldio onde um pedaço de terra se permitiu acolher o que vem pelo ar. e os pássaros. e, dentre os pássaros, o revoar das andorinhas que chegam em bandos, na ponta cortada do rabo chega o verão. ou vai. primeiro vem. só depois, quando os dias voltarem a encolher, as andorinhas passarão levando o calor pra longe de nós.
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a batata está imensamente florida. e já há tomates pequenos, verdinhos, enchendo-se de sol.
logo vai fazer um ano que estamos nesta nova casa, cheia de ar e luz.
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